A Antologia Rabiscos tem o prazer de apresentar a feirense Carol Belmondo, artista que integra nossa edição e que ministrará oficina gratuita de desenho nessa sexta, 21 de outubro, antes do lançamento da Rabiscos em Feira de Santana:
Carol Belmondo nasceu em Feira de Santana, em 1988. Formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), participou de diversas mostras coletivas tais como 1º Bienal de Arte e Design (EBA- UFBA, 2008), Mostra de Esculturas (Museu Eugênio Teixeira Leal, 2009), além de Embalos da tarde vazia (MAC-FSA, 2011), sua estréia individual. Publica suas obras no blog www.quaseumacatarse.blogspot.com. Sua produção concentra-se sobretudo no desenho.
Com uma técnica aparentemente simples (que mistura aquarela, nanquim, caneta esferográfica e lápis) Carol Belmondo apresenta personagens que destilam, melancolia, tédio, inércia ou desamparo, em quadros que parecem ter como trilha sonora os álbuns the bends do Radiohead ou If you’re feeling sinister do Belle and Sebastian. O poeta Ederval Fernandes, em texto de apresentação da exposição Embalos da tarde vazia, pontua: São figuras humanas compostas com muita delicadeza para que transpareçam não suas fisionomias mas seus temperamentos.
Apesar de não entender o feminino como sinônimo de delicadeza (Daiane Oliveira, outra artista do nosso elenco, também possui um trabalho profundamente feminino onde o adjetivo vigoroso, ou até mesmo agressivo, se enquadra melhor que delicado), nos desenhos de Carol Belmondo os dois termos parecem pares inseparáveis. Carol Belmondo é uma mulher de tons sutis, mais próxima de Joni Mitchell do que de P.J. Harvey (para ficar numa metáfora musical bem explicita). O próprio nome do blog onde posta seus desenhos (quase uma catarse), já aponta para essa ausência de arroubos dramáticos, o que não deve ser entendido como placidez celebratoria ou emoção aguada. Nos seus melhores desenhos a pulsão afetiva é tratada de forma elíptica, sendo mais sugerida que explicitada, como emoções filtradas e matizadas por uma ironia comedida.
Abaixo o texto de apresentação da exposição Embalos da tarde vazia, gentilmente cedido pelo poeta Ederval Fernandes
O tédio humanizado de Carolina Belmondo
Por Ederval Fernandes
Tédio. Essa sensação de vazio e inércia pode se revelar plácida e tocante caso uma jovem artista como Carolina Belmondo se proponha retratá-la a partir das pessoas e não de objetos inanimados. É que ela gosta muito de gente, foi o que ela me disse, então as pessoas são sua matéria de trabalho, seu objeto de estudo, sua fonte de espanto. Mas sua arte não busca a anatomia perfeita, melhor que se diga. São pessoas envoltas em seus dilemas, não apenas curvas sólidas, sem paixão ou tristeza, recipientes de técnicas. São figuras humanas compostas com muita delicadeza para se que transpareça não suas fisionomias, mas sobretudo seus temperamentos.
Com Embalados da tarde vazia, nós feirenses teremos o privilégio de ver a primeira exposição de ilustrações de Carolina Belmondo, jovem revelação de Feira de Santana. Ao todo serão 16 obras expostas, produzidas em sua maioria em 2010 com aquarela ou caneta esferográfica.
Carolina está perto de se graduar em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia. Em julho do ano passado, expôs seu trabalho de pintura no Campus de Serrinha da Universidade Estadual da Bahia, com o título de Exposição de telas. Em novembro do mesmo ano teve uma ilustração sua estampada no livro Gotas (Edições-MAC), do contista Thiago Lins. Conheça mais o trabalho da artista através de seu blog Quase uma Catarse (quaseumacatarse.blogspot.com). Quase uma catarse. Belo jeito de ser simples e leve, como suas ilustrações.